Quando as Luzes se Apagam

Antigamente pensava que vencer era um ritual. Agora sei que é uma respiração. Todas as noites, após a última mão na mesa digital — onde as luzes cintilam como lanternas num templo — sento-me em silêncio. Os algoritmos não têm misericórdia. Os números não se importam se ganho ou perco. Eles simplesmente são. Cresci entre dois mundos: o vapor do café da minha mãe em Harlem e a tinta do meu pai no papel de arroz. Ela ensinou-me a esperar; ele, a ser calmo. Este jogo? Não é blackjack com dragões vermelhos. É meditação com apostas. Quando vês três vitórias consecutivas — o ‘Lian Zhu’ — sentes-te tentado a dobrar; mas isso não é estratégia. É medo vestido de fé. A plataforma chama-o ‘Feng Niu’. Nós chamamos isto de ‘sorte’. Mas a sorte não habita aqui. RNG é sagrada — não por ser justa, mas porque lembra-nos que somos pequenos.