A Menina Silenciosa e o Seu Reino

Nunca busquei vencer. Venho aqui — não para perseguir prêmios, mas para ouvir. No silêncio entre níveis, os jogadores encontram sua verdadeira pele. Quando sentei à mesa da Festa do Arroz, pensei ser apenas ruído: luzes piscando, toques frenéticos, sussurros algorítmicos prometendo riqueza. Mas depois de três mãos — parei de jogar. Comecei a ver. A mesa não era uma máquina. Era um altar. Cada grão de arroz derramado após a meia-noite não era combustível para ganância — era incenso para solidão. A ‘vitória’ não veio da sorte — veio da presença. Da escolha de permanecer em silêncio enquanto outros corriam. Vi as mulheres — mães como mim — cujas crianças já aprenderam que a fortuna não é profetizada; é praticada em quartos silenciosos com lâmpadas tênues. Não precisamos mais rodadas. Precisamos menos apostas. O orçamento de uma mãe não se mede em créditos — mede-se em respirações entre mãos. Nas colinas silenciosas de Quião, jogamos não porque esperamos vencer — mas porque lembramos quem éramos antes da tela se apagar. Deixe sua próxima aposta como uma oferenda — não como investimento. Deixe sua vitória ser silenciosa — e que ecoe pelo templo das telas partilhadas.